A gravidez de gémeos é uma surpre­sa por si só: são poucas as mulheres que desde o início da gestação esperam ter mais do que um bebé. Mas as gestações múltiplas são mais comuns do que se pensa, só que, claro, possuem diferenças em relação à gravidez de um único bebé.

A começar pelo peso, talvez uma das maiores dificuldades das mulheres na hora de gerar um bebé. As mães de gémeos ganham mais peso precisamente porque têm mais um bebé na barriga e também porque precisam comer por três ou mais. Prematuridade, dores no corpo, principal­mente na região lombar, são mais intensas do que o habi­tual. Algumas doenças, como diabetes, hiperemese gravídica e pré-eclâmpsia, também são mais frequentes.

Isto significa mais visitas ao obstetra, que vai acompanhar de perto a evolução dos bebés e da gestação em si, até por­que o risco de complicações também é maior. Quando são duas placentas, ou seja, uma para cada feto, a gestação tende a ter menos riscos de complicações. Em gémeos não idênti­cos existem sempre duas placentas, no caso de gémeos idên­ticos apenas cerca de 10-15 % têm placentas separadas.

O facto de existir mais do que um bebé em formação na barriga implica maiores mudanças no corpo. Quem espera gémeos tem uma propensão maior a desenvol­ver estrias, especialmente no abdómen, já que a região vai ex­pandir mais do que o normal para acomodar os bebés. Como a produção de hormonas no corpo é substancialmente maior, o útero cres­cerá com uma maior velocidade e a mudança de peso, postura e as articulações vão seguir esse mesmo padrão.

O ponto principal é a intensidade maior dos sintomas da gravidez. Se quem espera um único bebé sente enjoos le­ves na primeira quinzena, a mãe de gémeos pode ter enjoos muito fortes seguidos de vómitos, por exemplo. Além disso, existe um desconforto extra por causa do crescimento dos bebés: os órgãos internos, como coração, estômago e in­testino, precisam se realocar dentro do corpo para abrigar o crescimento uterino, e isto pode ser mais incómodo e al­gumas vezes doloroso.

O cansaço também aumenta, especialmente porque existe uma sobrecarga maior nas regiões lombar e abdominal – e é possível ocorrerem casos de falta de ar, por causa da com­pressão do tórax pela barriga, e problemas para dormir, já que não é fácil encontrar uma posição confortável e a respi­ração também fica comprometida quando se está deitada.

Cuidados especiais

Tudo isto são possibilidades e não um motivo para gerar pânico. É um facto que ter mais de um bebé na barriga vai, por consequência, gerar mudanças maiores no corpo e mais cansaço na mulher e saber como medir as suas ener­gias e reservar bastante tempo para descansar é essencial para que a gravidez decorra sem problemas.

Nestes casos, o pré-natal é importantíssimo: não só o médi­co precisa de pensar nos dois (ou mais) bebés que estão a ser gerados, como também na saúde da mãe – existe uma monitorização mais rígida da tensão arterial e também do comprimento do colo do útero.

Devido ao avanço da tecnologia e dos tratamentos con­tra a infertilidade, as gestações de gémeos são mais comuns, assim como os cuidados para estes casos específicos. Como a probabilidade de nascimento prematuro é maior, o que se man­tém constante independentemente das tecnologias é a fre­quência das consultas: o espaço entre uma e outra é menor e os exames são refeitos em maior número também. Tudo para garantir que as mães e os filhos estejam bem e com saúde.

No parto

É comum os gémeos nascerem de cesariana. O motivo para isto, no entanto, é uma questão de segurança. Como o número de bebés na barriga dificulta a visão através do ultrassom, mesmo com as novas tecnologias, é mais se­guro para todos os envolvidos que o parto não seja normal.

Muitas vezes não é possível ter certeza da apresentação do segundo bebé, e há um risco de problemas na hora da descida e insinuação da criança, dificultando a saída. Para o parto de cesariana, a posição dos bebés não é preocupante e é possível controlar bem a saída dos dois.

Isto, claro, não significa que o parto natural não é pos­sível: é uma questão de saber com detalhes a posição de cada criança, se não há risco de o cordão umbilical difi­cultar a saída de uma delas ou das duas. A maior preocu­pação dos médicos, durante um parto normal é a saída do segundo bebé, já que a sua posição pode mudar depois do nascimento do primeiro.

Qualquer que seja a sua escolha, é importante prestar aten­ção também à idade gestacional na hora do parto, ou seja, ao tempo da gravidez. Embora seja comum os partos ge­melares se iniciarem precocemente em relação aos casos de partos de um só bebé, isto não pode ser um indicativo para se agendarem esses partos. Mesmo em casos em que a posi­ção do bebé não favoreça o parto normal, é muito importante que o trabalho de parto se inicie espontaneamente para a saúde e bem-estar de todos os envolvidos.

Quem tem dois ou mais bebés a caminho deve ter em atenção: ter bas­tante descanso, seguir as orientações dos médicos e fazer o acompanhamento correto da gravidez. Assim, a probabilidade deste período correr tranquilamente é maior e você poderá aproveitar este momento antes do nascimento com prazer.

Está à espera de gémeos ou já teve? Esperamos que este artigo lhe possa ter sido esclarecedor.

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